quarta-feira, 12 de março de 2008

Cadeia de Tires - Ver para Crer - Parte 2

Já os Serviços de Educação e Equipas de Reinserção Social de Tires existem, salvo escassas excepções, para levar o ordenado para casa; quando chamadas demoram a vir. Podem e devem resolver os problemas das reclusas. Devem mas não fazem, não sabem ou esclarecem de modo evasivo as questões que integram a sua esfera de competências.
Já se tocou aqui no aspecto das visitas. O que ainda não se disse, mas vai-se a tempo, é o pagar-se para registar sacos á entrada, os maus modos e indelicadeza de uma boa parte dos guardas de escala e o obscuro facilitismo da entrada de drogas dentro do pavilhão com evidentes contrapartidas para quem sabe fechar os olhos na ocasião própria e que o caso pede…
A perigosa convicção de impunidade desta e de outras práticas atinge até o Juiz do Tribunal de Execução de Penas, Manuel Saraiva, que acalenta o secreto desejo de ver Tires sobrelotada: deitando por terra as legítimas aspirações das reclusas irem para casa, num persistente incumprimento na nova lei do Código Penal, é vê-lo a cortar os meios de penas a torto e a direito, sendo certo ainda que a primeira saída precária é sempre negada com o estafado argumento “perigo de inêxito”.
Por alturas do natal de 2007 concretizou-se uma velha vontade das reclusas de Tires: a reabertura da cantina; mas como tudo em Tires é um presente envenenado, a “mercearia” não fugiu á regra; proibiu-se a entrada de água e leite como forma de promover as vendas daqueles produtos (mais caros que na rua e de pior qualidade) dentro de “casa” e os fornecedores, adjudicados por escolha “desinteressada” (e via telefone) de Clara Manso Preto, agradecem a restrição.
Melhor negócio ainda é o do café: a empresa fornecedora é a Lunni quase desconhecida em Portugal, menos para o olho certeiro e perspicaz de Clara Preto. Com a natural necessidade de ganhar quota no mercado, a Lunni vende por três Euros o kg de café em grão a Clara Manso Preto. Esta, com uma clareza de espírito própria do nome, fixou o preço da bica ás reclusas em 15 cêntimos, conseguindo fazer bom dinheiro – 30 Euros por kg vendido – que vai direitinho para os cofres da cadeia de Tires. Desta forma Clara Manso Preto tem vindo a amortizar, com o dinheiro das presas, o legado financeiro devedor deixado pela anterior gestão de Fernanda Aragão e que Clara Manso Preto ajuda, como pode, a manter. E como a esperteza saloia não fica por aqui, com as entregas de dinheiro que os familiares destinam ás suas reclusas, Clara Preto junta tudo e deposita no banco, em nome da cadeia, permitindo ás destinatárias do dinheiro, suas verdadeiras donas, levantamentos quinzenais de 50 euros e nem mais um cêntimo, para estabilizar os descobertos autorizados que contratou com a banca. Mas nem assim lhe chega o dinheiro para fazer face aos gatos com a “Festa de Natal” de 2007 que decidiu organizar; ao melhor estilo de pedinchona conseguiu sensibilizar uns quantos incautos que ofereceram bolos para colorir a mesa do “lunch” “oferecido” a quem fez de artista na representação de uma peça teatral; na hora de terminar, mandou deitar as sobras para o lixo, não tendo permitido a recolha de nada.

2 comentários:

Anónimo disse...

Esse juiz Manuel Saraiva não será o mesmo que já cumpriu a mesma função em Pinheiro da Cruz, e era bem conhecido por receber os reclusos alcoolizado? O mesmo que passou pelo TIC de Lisboa e que, no passado, foi educador da Casa Pia ? O tal que lavrava surreais despachos tipo: «o recurrente é um marxista com uma forma anarquista de estar na vida»?

Anónimo disse...

http://escarradordedavidmotta.blogspot.com/2008/04/os-esquemas-da-priso-de-tires.html