quinta-feira, 12 de junho de 2008

No Vermelho

Aparentemente, este "Blog" tem afectado algumas pessoas a trabalhar em Tires, nomeadamente a actual Directora, Dra. Clara Manso Preto, e a Sra. D. Eugénia Felgueiras, Sub-Chefe da “Casa das Mães”, onde nem sequer ela consegue manter a ordem. Ora perguntem-lhe lá se se lembra da agressão extremamente violenta da reclusa Nádia a outra reclusa aparentemente grávida… terá sido uma briga pela posse dos parcos produtos que a dita senhora não distribui ás reclusas quando o devia fazer? Afinal… estamos na “Cadeia Regional da Sub-Chefe Eugénia”…
Mas se em relação ao corpo de Guardas (salvo honrosas excepções) a Cadeia de Tires é uma grande trapalhada onde ninguém se entende… o que dizer acerca do Sr. Dr. Juiz Manuel Saraiva, que regula o Tribunal de Execução de Penas em Tires e em vários outros estabelecimentos prisionais?
Quem é que o controla ? Quem é que fiscaliza o seu trabalho ? É que o Sr. Dr. Juiz tem uma curiosa tendência para o carimbo vermelho usado pela censura da extinta PIDE. Precárias ? Cortadas ! Meio de Pena ? Cortado ! Sistema de Vigilância Electrónica para reclusos a quem a lei permite o acesso ? Cortadas !
Alguém explique ao Sr. Dr. Juiz que em quatro dias de precária (em que um deles é gasto a tentar sair de Tires e outro gasto a entrar) não há tempo de recomeçar nenhum tipo de actividade criminosa, não há tempo sequer para estar com a família ou para renovar o Bilhete de Identidade.
Ou será que o Meritíssimo Juiz está à espera de mais dois ou três suicídios provocados pelas suas receosas decisões? É que entre a população de reclusos prisionais haverá com certeza muitos em que por variadíssimas razões o “Perigo de inêxito” poderá na realidade não se aplicar.
Quanto ao direito à possibilidade de dar liberdade condicional ao meio da pena, Sr. Dr., lembre-se que os estrangeiros não são os únicos a quem a lei se aplica. Esses vão, quem sabe porquê? Recambiados para o seu país de origem, enquanto os Portugueses por cá vão ficando, continuando a gastar dinheiro dos nossos bolsos (Sim, porque ainda há quem pague impostos por aqui) para serem mantidos em regime de reclusão, quando podiam ir tentar reabilitar-se lá fora. Tomar conta das famílias, trabalhar, ter uma vida normal ou o melhor que lhes seja oferecido pela sociedade.
Até se compreende que por saber que a cadeia de Tires, por exemplo, beneficie todos esses cortes… é que as reclusas trabalham muitas vezes por apenas quinze euros mensais ou menos, sabendo que nos primeiros três meses nem sequer recebem nada. É “Pro Bono”, para a Cadeia de Tires. Além disso, se for necessário ir a tribunal, ao médico, ou se se estiver doente, são descontados esses dias no ordenado do final do mês.
Poder-se-á chamar a isto exploração? Que vantagens terá a Cadeia de Tires em descontar dias de trabalho no parco ordenado (aqui temos vontade de dar uma gargalhada) de uma reclusa que se queimou gravemente enquanto prestava o seu tão mal remunerado trabalho na copa do Pavilhão 1 (pavilhão das preventivas)?
E descontos para a Segurança Social ou declaração para poder pagar ou pelo menos apresentar às Finanças é coisa nunca vista por aqui.
Podem-se arriscar algumas razões para que o Sr. Dr. Juiz Manuel Saraiva goste tanto do vermelho: será o Sr. Dr. Do Benfica? Será algum recalcamento de infância relacionado com a cor vermelha?
A palavra corte é também muito utilizada: corte de precária; pulseira: cortada; meio da pena: cortada. Sugerimos um curso de corte e costura, para que depois dos frequentes cortes, ele possa saber reme(n)d(i)ar as situações de suicídio, depressões profundas, crianças a continuar a crescer sem pai ou mãe, dificuldade de reabilitação num mundo onde, apesar das dificuldades, haverá com certeza mais humanidade que nomeadamente em Tires.
Obviamente que o parecer favorável, ou mais frequentemente, desfavorável por parte da Sra. Directora e dos serviços de reinserção social (que na maior parte dos casos nem tempo tem para analisar os casos) também contribuem para estas situações.
Os nossos impostos também servem para pagar a entidades que analisem o trabalho destas pessoas, ou não ?
E vai sendo o estado da justiça em Portugal… no vermelho.