sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Repor a verdade

Para os que nos acusam de só sabermos cortar na casaca, aqui vai…
Por obrigação e regimento dizemos a verdade antes de tudo, por isso este tema é único e dedicado à reposição do rigor factual de uma noticia do J.N, há uns dias sob o titulo “Casal de reclusas lésbicas punido com isolamento na cadeia de Tires”!
Preocupou-nos o assunto, cuidámos investigá-lo e chegámos a uma conclusão: a quem se permite mais do que é justo quer mais do que é permitido.
Com efeito, Beatriz M. e Linda A., embeiçadas uma pela outra, formam um casal lésbico conhecido em Tires muito antes de Janeiro de 2008, protegido até por alguns elementos do Corpo Feminino de Guarda Prisional e chegam a habitar em cela conjunta no pavilhão 1. Rebeldes por natureza, estão no momento da vida em que as paixões são mais violentas e indomáveis, as zangas por ciúmes são uma constante. Para evitar males maiores são separadas de local, a escolha a recair sobre Beatriz que já frequentava o pavilhão 2 por questões laborais. Vão trocando cartas e juras próprias de amantes apesar de, afastadas, trazerem já outras na mira, reservando-lhes atenções de cavalheiro.
Contudo Linda A. acaba, para ficar mais perto da amada, movendo empenhos e muda-se, também ela, para o pavilhão 2.
Há semanas atrás, para se despedirem com boas lembranças de uma companheira que partiu em liberdade, um grupo integrado por Beatriz e mais umas quantas reclusas desferiu uma monumental sova numa pobre guarda que sem ser tida nem achada, foi parar ao hospital e está ausente do serviço, a recuperar em casa mazelas que o despropósito lhe deixou
Ainda nessa noite, Beatriz M. e Cristina P., as duas principais implicadas na agressão, foram trazidas para o pavilhão 1, sendo colocadas em regime de isolamento no dia seguinte.
Não sabemos ao certo o que levou Linda A. a, alegadamente, tentar o suicídio – uma moda que pegou em Tires iniciada por Maria das Dores – mas há quem se lembre há poucos meses do braço cortado e ligado de Linda que com frequência cumpre castigos disciplinares em isolamento e regimes de separação por rixas várias e outros actos de má criação.
Quanto a Beatriz M., hóspede recorrente de infracções do regime prisional, cumpriu, entre outras, sanção imposta por ter na sua posse e na sua cela um telemóvel, equipamento proibido pelo regulamento.
No que concerne a perseguições e represálias que se dizem vitimas, chegamos a fala com ex-reclusas, recentemente devolvidas á vida livre e que conhecem de perto, as queixosas. E garantiram-nos serem falsas tais acusações.
Assim, o único ponto da notícia que nos merece algum credito é a proposta feita pela direcção geral dos Serviços Prisionais, ainda que não nos moldes apresentados. Sabemos de vários pecados e pecadilhos promovidos por esta entidade mas este não é um deles, pelo menos na forma tornada pública.
Por último, uma palavra para o Dr. Pedro Namora e o sociólogo António Pedro Dores que, em boa fé, agiram sem conhecer toda a historia. E damos o assunto por encerrado dizendo ainda que a heterossexual que denunciou o caso é a chata de serviço, desencantada com a vida ainda girava pelos Açores, refinada na crueldade, azeda e litigante, da vingança faz instrumento em tudo deitando defeito, mesmo no que está bem.

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